O caçador de talentos Michael Comberiate conta como pretende atrair brasileiros para colaborar com projeto de robótica
Quando a estudante Janynne Gomes levantou a mão em uma palestra da Campus Party 2010 e perguntou o que ela precisaria fazer para trabalhar na Nasa, mal sabia que estava abrindo um caminho para vários brasileiros. O engenheiro mineiro Marco Figueiredo, que trabalha na Nasa há 20 anos, colocou Janynne em contato com Michael Comberiate, conhecido como 'Nasa Mike', engenheiro que também é uma espécie de caçador de talentos da agência espacial americana. Pouco tempo depois, ela estava nos Estados Unidos para um estágio de quatro semanas em um dos projetos liderados por Mike.
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Comberiate trabalha na agência espacial americana desde 1969, ano em que o homem pisou na Lua. Já desenvolveu mais de 50 projetos especiais e atualmente roda o mundo em busca de estudantes talentosos e motivados. No momento, precisa deles para aprimorar um programa de computador que faz um dos robôs da agência 'enxergar'.
Simpático, 'Nasa Mike' apresenta seus projetos com emoção e exige a participação do público. "Eles começam a ser testados já na plateia", diz Figueiredo, que desde o estágio de Janynne ajuda Comberiate a encontrar talentos brasileiros. Além da estudante de Sistemas de Informação, três alunos conseguiram um estágio na Nasa depois disso. Agora, dez brasileiros podem ter a chance de iniciar uma carreira na maior agência espacial do mundo. Em entrevista ao site de VEJA, 'Nasa Mike' explica como isso funciona.
Qual é a sua missão na Campus Party?
Precisamos recrutar dez excepcionais hackers brasileiros para nos ajudar a completar uma tarefa de software. Um de nossos robôs precisa melhorar a percepção tridimensional e acredito que a resposta pode estar aqui, nas mentes dos estudantes brasileiros. O governo está ajudando com os vistos dos alunos que vamos levar, mas a lista não está fechada. Também não é garantido que conseguiremos levar dez alunos, mas é o que queremos.
Qual tipo de estudante a Nasa está procurando?
Pessoas que querem ir além, ultrapassar os limites do homem, assim como eu quero. Quando era jovem, eu costumava jogar dardos em um mapa-múndi e viajar para o lugar que o dardo se fixasse. Já dei voltas completas no mundo várias vezes. Uma vez o dardo acertou o mapa e caiu no chão. O que eu fiz? Tive que ir para a Antártida. A maioria das pessoas que eu conhecia na época não sabia nem soletrar Antártida. Em um ano eu estava lá. Quero pessoas animadas desse jeito, que consigam trabalhar em equipe e tenham automotivação. Estudantes que inspirem confiança e mostrem que podemos confiar neles.
Qual foi o lugar mais inusitado que o senhor já visitou?
O polo norte é um dos lugares mais desafiantes. Você tem que aterrissar em gelo e escorregar o resto do caminho. Isso é bem legal. Já fui lá quatro vezes. Da última vez fui com 25 estudantes e professores. Batemos vários recordes naquela ocasião. Montamos um webcast ao vivo do polo norte utilizando um satélite da Nasa. Eles apontaram um satélite para o local onde estavam os nossos aparelhos e conseguimos internet na casa dos megabits. Isso foi na década de 1990. Enquanto todo mundo utilizava modem discado, estávamos com banda larga em um dos lugares mais ermos do mundo e fazendo transmissões ao vivo pela internet. Fizemos também a primeira ligação telefônica entre os polos da Terra.
Quem quiser se candidatar, o que precisa fazer?
Além de se encaixar nas qualidades que já descrevi, precisa falar inglês fluente e estar matriculado em alguma universidade brasileira. Quem está no Campus Party já está deixando o nome e email comigo, mas quem quiser mais informações pode enviar mensagens no meu email pessoal: michael.a.comberiate@nasa.gov
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